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Bio
Designer, cenógrafo e artista argentino, residente em São Paulo há 20 anos, formado em Design Industrial pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Buenos Aires. Trabalhou na metalúrgica da família, adquirindo habilidades em serralheria. Entre 1998 e 2001, trabalhou com o escultor Ricardo Marcenaro. Em 2001, mudou-se para o Brasil e integrou o grupo NoTech Design, colaborando em exposições nacionais e internacionais.
Em 2006, participou na Bienal de Esculturas do Chaco, onde ganhou o prêmio Telecom com a obra Preludio e Fuga. Entre 2005 e 2008, trabalhou como artista convidado no Ateliê Maria Bonomi nas obras de arte pública Epopeia Paulista, instalada na estação Luz da CPTM e Etnias – do primeiro e sempre Brasil no Memorial da América Latina. Em 2011, ganhou o concurso com o projeto Cobra Reluzente para a realização do portal de entrada da cidade de Embu das Artes.
Entre 2008 e 2013, integrou La Tintota, um grupo de artistas interdisciplinares latino-americanos. Entre 2014 e 2021, manteve o Galpão BASE, um espaço coletivo para projetos de arte e design. Nesse contexto, criou a marca de mobiliário Tchapa, influenciada pela indústria metalúrgica.
Criou cenografias para teatro, ópera e dança contemporânea, investigando a espacialidade com diretores e coreógrafos como Denise Stoklos, Roberto Lage, André Guerreiro Lopes no teatro e Jorge Garcia e Fernando Martins na dança, entre outros. Também participou do Festival de Ópera de Manaus entre 2008 e 2012. Ainda como cenógrafo, criou expografias para exposições como o Festival da Imagem do Valongo, Paço das Artes e o Festival Cultura Inglesa.
Desde 2017, colabora com a Oficina Lab, ensinando cultura maker, serralheria e design, além de laboratórios de upcycling. Em 2022, iniciou o projeto “El Ciclo”, um laboratório de arte e design em economia circular, buscando soluções através de práticas regenerativas nestes contextos.
Em 2018, retomou a investigação em artes visuais através da residência Obras em Construção, culminando com a exposição Anodo e Cátodo no Tempo Forte na Casa das Caldeiras. Desde então, dedica-se ao estudo das relações entre matéria e memória, trabalhando com diversos vestígios, como metais, resíduos e rejeitos, desenvolvendo uma espécie de arqueologia sobre os impactos da cultura do excesso industrial no meio ambiente.
Desde 2018 realizou diversas ações que estão desdobrando-se principalmente nos projetos de longa duração Ação Pneus e Velho Ferro além de investigações com desenho com fogo em papel, performances e desenhos matéricos.
Declaração / Statement
Como artista visual e material, exploro a escultura e o desenho no que chamo de uma conversa com os materiais. Algumas dessas conversas e ações se transformam em performances e instalações.
No processo criativo me coloco como desafio a imersão num estado caórdico. Posso dizer que me permito experimentar diferentes níveis de caos e ordem. O processo se dá por meio da exploração das relações de aliança com os materiais, colaboração e não-controle.
Em minhas performances com o fogo como aliado, crio apenas os processos, com as ferramentas e as condições necessárias para conduzir o fluxo com segurança. Essa prática visa entender os fatores em jogo e, ao mesmo tempo, não ter um controle total sobre o processo, ativando um estado de presença que me interessa habitar. Isso abre espaço para o acaso como uma força criativa na composição.
As imagens que resultam desse processo são uma zona difusa entre o que se forma e o que se deforma, entre o que conhecemos e o que desconhecemos. Nessa zona, onde opera o inconsciente, co-criamos com a obra a partir do repertório singular de cada um.
Nasci num contexto industrial, me formei como metalúrgico na fábrica da família, e percebo que isto influenciou a minha jornada como buscador no campo das artes. Essa experiência me conduziu à investigação das relações entre matéria e memória, focando meu interesse no estudo dos impactos do consumo dos recursos da Terra.
No meu processo criativo eu coleto e examino diversos vestígios, resíduos e rejeitos dando especial atenção aos metais e assim vou praticando uma espécie de arqueologia da cultura industrial.
Nesse sentido, também sou um catador – junto coisas – e também sou um agente ambiental, pois as organizo com o propósito de compreender e comunicar complexidades sistêmicas e os desafios que temos como espécie de integrar os processos materiais no capitalismo global.
Enquanto designer do meu próprio fazer artístico, as escolhas dos processos materiais são guiados pelos princípios da economia circular. Esta orientação contribui significativamente para as minhas afirmações e práticas como artista, fomentando uma perspectiva ecologicamente mais atenta no campo das artes. É um estudo contínuo e um aprendizado constante sobre práticas que contribuam para uma cultura humana regenerativa.
Leo Ceolin 2021
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