Projeto LIX ou pequenas tragédias ecológicas nos ateliês
O projeto surge em tempos pandêmicos, quando precisamos ficar confinados olhando nosso meio ambiente
O isolamento provocado pela Covid-19 implicou necessariamente em outra qualidade de tempo e em uma oportunidade de olhar para si mesmo e para o entorno de uma outra maneira. Assim, comecei a mapear e coletar situações materiais que vinha observando há um tempo no meu ateliê e na residência artística Obras em Construção, que realizei entre 2019 e 2021 na Casa das Caldeiras.
Durante esse tempo fiz um mapeamento das pequenas tragédia ecológicas que estavam acontecendo no meu ateliê.
Olhar para o rastros das nossas pegadas na terra poderia ser um primeiro passo?
Mapeamento_Amostra 01
Madeira, plastico e sten
Mapeamento_Amostra 02
Tecido de algodão, graxa e tinta em base petróleo
Mapeamento_Amostra 03
Gesso (sulfato de cálcio) , papelão (celulose), pincel de plástico (petróleo)
Mapeamento_Amostra 05
Massa plástica (resina poliester e cargas minerais), Papelão (celulose), Limalha de alumínio (bauxita)
Mapeamento_Amostra 04
Luvas de couro (pele animal), Vidro (areia de sílica), tampa de metal (ferro), acido sulfúrico (hidrógeno, oxigeno e enxofre)
Ao mesmo tempo a leitura do livro Design de Culturas Regenerativas de Daniel Wahl foi uma experiência transformadora.
Ele ao longo do livro coloca a seguinte questão:, se a especie humana desenha o mundo, que mundo vamos desenhar, um degenerativo ou um que seja capaz de se regenerar.
Para navegar nesse contemporâneo em crise perceptiva, ele propõe investigar e viver as perguntas, antes de querer encontrar respostas pode ser uma maneira de conviver com as incertezas e seus desafios.
E então passei a me perguntar:
O que faço com isto? É um resíduo ou um rejeito?
Descarto mais um fragmento de matéria-rejeito que vai para um aterro?
O que faço com uma lixa gasta, que é um composto feito de papel, adesivos e minerais duros?
O que faço com…etc
No final das contas vem a pergunta:
Como operar um novo modo de escolha e de ação sobre a matéria nos meus espaços de trabalho?
Esta experiência de alguma maneira acabou modificando toda a minha maneira de olhar para os sistemas materiais nos que estamos inmersos.
Espelhismos
A instalação Espelhismos, do ponto de vista plástico, também aborda as relações entre matéria e imagem, sobre essa distorção da percepção que pode ser a imaginação.