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As três metamorfoses do Espirito

Descrição

“As três metamorfoses do espírito” Do livro Assim falou Zaratustra de Friedrich Nietzsche.

Formato do projeto Triptico

Materiais Grafite, esmalte e pastel sobre papel heiner muller 250grs

dimensões  80 x 300cm

Ano 2010

Descrição conceitual Os animais são personagens filosóficos de um estado no caminho do espírito, nosso ser metafísico do tempo, o zeitgeist,  afirmado pela criança, um estado onde a fronteira da própria ideia de sentir-se e pensar-se como humano tem um encontro alegre com as forças da natureza. O camelo é o animal de carga dos valores morales, do dever ser, das nossas memórias culturais, familiares;  o que configura uma identidade cristalizada, engolindo sapos venenosos, orgulhoso da sua força, mas que pouco a pouco vai levando a vida ao deserto da vontade, perdendo a capacidade de jogar, brincar. A vida se torna desinteressante, é o caminho do ressentimento. Nesse processo de grande cansaço acontece a primeira metamorfose do espírito, o camelo se torna leão. O leão diz não ao julgamento do outro (culpa) ou de si próprio (má consciência). A dor que carrega o camelo se torna um mobilizador para pôr a vida em variação. É um combate com o dragão do “tu deves” que seduz e lança gaiolas douradas. Os devires imperceptíveis são uma maneira de passar por esse combate numa suspensão, uma espreita das zonas cegas.  Criação de um novo sentido para a dor, uma aliança com a natureza para arar um território endurecido, fertilizando o chão para a vida fluir novamente. Torna os encontros plásticos, transmutando a doença em saúde e a dor em alegria.  Nesse estado acontece a segunda metamorfose do espírito, o leão se torna criança. É o reencontro da possibilidade de rir de si mesmo e voltar a jogar, invenção de jogos levados a sério, pondo a vida para gastar.  Juntar como uma bola as forças reativas que estão fixadas e por as ativas a brincar “É um novo começo, uma inocência, uma roda que gira por si mesma, um sagrado dizer sim”

Contexto Esse tríptico foi realizado durante um período de convalescência onde passei quase um ano sem caminhar, nesse tempo, ler e desenhar foi uma maneira de afirmar e transmutar o que estava acontecendo.

Agradecimentos: Heloisa Franco