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Se atropelou, da série Transfigurados

Descrição

Se Atropelou, da série Transfigurados
Formato do projeto
Desenho escultura
Materiais
Arames metálicos recolhidos da rua de diferentes tipos e dimensões
Dimensões
1,5 x 3 m
Ano
2008

Descrição conceitual
Entre o desenho e a escultura.

É um trabalho de fronteiras, criar espessuras leves, encontrar o lugar comum e singular onde o traço muda de natureza, se compondo com a parede como se fosse uma folha.

“Se atropelou” vem do hábito de caminhar pela cidade olhando para o chão, observando o lixo, as coisas ali deixadas por (e pelo) acaso. Ela é de certa forma o desenvolvimento de outros trabalhos menores que buscavam organizar esse material em novas formas e objetos.
Todos os fragmentos que viriam a compor o trabalho haviam sido, literalmente, atropelados (como a lixeira – que serve de “quadril” ou “saia” à figura – que havia sido “vitimada” por um ônibus), trazendo já em si um caráter bidimensional, achatado.
A leveza dos volumes, mas com uma certa tensão, o material deteriorado, um ar tragicômico nos encontros de sentido, criam uma simpatia grotesca e delicada.

A figura de “Se atropelou” é vitima de seu próprio excesso. Um “atropelar-se a si mesmo” fisicamente impossível, ou improvável, mas que se concretiza enquanto ideia ou alegoria.

Descrição técnica
Uma das linhas de pesquisa no meu trabalho é o uso de materiais recolhidos ao acaso, como: arames, ossos, galhos, pedras, madeiras queimadas num incêndio e outros detritos urbanos. Estes trazem uma memória que esse material carrega como referência residual de diferentes tempos com as suas histórias. São histórias sem narrativas, como pequenas amostras de um ser do tempo que atravessa tudo.
Mas não se trata de emular o tempo, e sim enfatizar uma passagem que é relevante, um corte, uma atualização desse processo.
Os primeiros encontros que se materializam são como células que se desdobram em formas mais complexas. Como no caso dos desenhos com arame, onde um primeiro encontro na rua, na entrada de uma construção, enxerguei uma figura, um rosto espremido num amarre de arame atropelado. A partir desse momento, meu olhar ficou atento a esse tipo de encontro, até ter um repertório de traços que configuraram “Se atropeluo”, ali houve um salto em complexidade e escala que expandiu aquele primeiro encontro.